A universitária Morgana Gentil, 29, mora há sete anos em Boston
e, por pouco, não esteve Boylston Street na tarde de segunda-feira
(15), como programado, para fotografar um brasileiro cruzando a linha de
chegada. Pela manhã, ela combinou com uma amiga que mora em Miami de
registrar a conclusão da prova do inscrito no evento esportivo, mas
dormiu e faltou ao compromisso.
"Saí do banho e, como não tinha dormido muito bem na noite passada,
cochilei. Acordei já com a notícia do bombardeio. Iria ficar exatamente
na linha de chegada. Estou muito aliviada, nasci de novo", afirma a
brasileira.
Quando soube do bombardeio, ela pensou na sorte que teve. "Não estava na minha hora. Hoje não era o meu dia", diz.
Ela conta que o amigo maratonista não chegou a completar a corrida. "A
irmã dele também estava na linha de chegada, mas do outro lado, no
palanque", afirma. Nenhum dos dois ficou ferido.
Morgana trabalha em uma corretora de imóveis localizada na área do
ataque, que, segundo ela, está interditada desde o episódio. "Ruas
paralelas e transversais estão bloqueadas. É a região mais turística,
mais bonita e mais nobre da cidade, fica perto dos prédios mais
visitados", afirma a baiana, que mora a cinco minutos do local do
atentado.
Segundo a brasileira, o clima segue tenso na cidade. "O povo está
agoniado, porque não se sabe o que aconteceu ainda. Se foi um atentado
terrorista ou um outro louco americano", afirma.
As explosões sofridas na 117ª edição da maratona ocorreu em um dia de
feriado que, de acordo com a também baiana Nathália Brandão, de 26 anos,
mobiliza toda a cidade. A jovem estava em Newton, uma cidade satélite
no subúrbio de Boston por onde passa a maratona, justamente para
assistir o evento esportivo. "É um programa de família aqui, sabe? Todo
mundo acaba indo ver. As crianças ficam loucas, aplaudem todo atleta",
afirma.
Um dia antes, no domingo (14), ela havia ido à linha de chegada para
tirar fotos. "As pessoas aqui estão assustadas. Eu, particularmente,
evitei lugares muito movimentados, como bibliotecas. Acho que há uma
sensação de insegurança generalizada. Todos que falo estão em choque.
Poderia ter sido qualquer um de nós. É uma sensação estranha,
indescritível", diz.
A prova deste ano era disputada por pelo menos 131 corredores brasileiros.
A polícia de Boston confirmou três mortos e mais de 170 feridos, mas
disse que esse número pode aumentar. Até este momento, a autoria do
crime é desconhecida.
Ataques anteriores
O atentado é considerado o pior ataque a bomba no solo dos EUA desde que o militante norte-americano de extrema-direita Timothy McVeigh detonou um caminhão-bomba que destruiu um edifício federal em Oklahoma City, em 1995, matando 168 pessoas. Dois anos antes, militantes islâmicos explodiram bombas nas torres gêmeas do World Trade Center, matando seis pessoas e ferindo mais de 1.000.
O atentado é considerado o pior ataque a bomba no solo dos EUA desde que o militante norte-americano de extrema-direita Timothy McVeigh detonou um caminhão-bomba que destruiu um edifício federal em Oklahoma City, em 1995, matando 168 pessoas. Dois anos antes, militantes islâmicos explodiram bombas nas torres gêmeas do World Trade Center, matando seis pessoas e ferindo mais de 1.000.
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